segunda-feira, 27 de julho de 2009

Polén Desidratado - Faz Mal

Pólen de Abelha, Geléia Real e Própolis
Stephen Barrett, M.D.


"Pólen de abelha" é na verdade pólen de flores que é coletado de abelhas assim que elas entram na colméia ou é colhido por outros meios. Os grãos de pólen se fixam às patas e em outras partes do corpo das abelhas conforme elas se servem do néctar (o precursor do mel) de dentro das flores. Os produtos com pólen são comercializados através de lojas de alimentos naturais, distribuidores de multi nível, drogarias, anúncios para pedidos pelo correio e pela internet.

Alegações Enganosas
Os promotores chamam o pólen de abelha de "o alimento perfeito" e enfatizam que ele contêm todos os aminoácidos essenciais e muitas vitaminas e minerais [1]. Entretanto, nenhum destes nutrientes oferece qualquer mágica, e todos são obtidos facilmente e menos dispendiosamente a partir dos alimentos convencionais. A CC Pollen Company de Phoenix, Arizona, também tem alegado:
Estima-se que o pólen da abelha comum contêm mais de 5.000 enzimas e coenzimas, muitas vezes acima que qualquer outro alimento. Enzimas no corpo não são apenas necessárias para cicatrização e digestão perpétuas mas para a própria vida. Sem enzimas, a vida é impossível. Além disso, as enzimas protegem contra o envelhecimento prematuro. Tem sido declarado com segurança que somente o pólen da abelha comum contém todas as enzimas conhecidas na proporção perfeita e equilíbrio perfeito [1].

A declaração acima é errônea. O pólen não contém todas as enzimas conhecidas, e mesmo se tivesse, isto não contribuiria com a saúde humana. As enzimas em plantas e em outras espécies de animas ajudam a regular as funções metabólicas de suas respectivas espécies. Quando ingeridas, elas não agem como enzimas dentro do corpo humano, porque são digeridas ao invés de absorvidas intactas para o interior do corpo.

Também tem sido alegado que o pólen de abelha melhora o desempenho atlético e sexual; diminui o processo de envelhecimento; promove tanto perda como ganho de peso; previne infecção, alergia e câncer; e alivia mais de 60 outros problemas de saúde.

Nenhum estudo científico apóia qualquer alegação de que o pólen de abelha seja eficaz contra qualquer doença humana.

Os poucos estudos que foram feitos para testar seus efeitos sobre o desempenho atlético não mostraram nenhum benefício [2-4]. Em meados dos anos 70, por exemplo, os testes conduzidos em nadadores e corredores de cross-country não encontraram nenhuma diferença no desempenho entre aqueles que tomaram pólen de abelha e aqueles que tomaram um placebo [3]. Um estudo de seis semanas com 20 nadadores publicado em 1982 não encontrou nenhuma diferença de desempenho [4].

A geléia real, a qual é secretada pelas glândulas salivares das abelhas operárias, serve como alimento para todas as larvas jovens e como o único alimento para as larvas que se desenvolverão em abelhas rainha. A exemplo do pólen de abelha, tem sido falsamente alegado que a geleia real é especialmente nutritiva, proporciona energia revigorante, e tem propriedades terapêuticas.

Pólen de abelha e geleia real deveriam ser considerados como potencialmente perigosos porque eles causam reações alérgicas. Pessoas alérgicas a polens específicos têm desenvolvido asma, urticária e choque anafilático após ingerir pólen ou geléia real [5-12]. Reações neurológicas e gastrointestinais também têm sido relatadas [13,14].

Alguns casos de asma e anafilaxia tem sido fatais. O potencial para reações graves é disseminado porque pelo menos 5% dos americanos são alérgicos ao pólen da ambrósia americana [ragweed], e o pólen de abelha contêm pólen da ambrósia ou de plantas que cruzam com a ambrósia, como dente-de-leão, girassol ou crisântemo [15,16].

Tem se especulado que a presença destes alérgenos pode fazer com que os usuários regulares se tornem dessensibilizados (como aconteceria com injeções de alergia). Entretanto, as chances disto acontecer são extremamente pequenas.
Injeções transferem o pólen em quantidades significativas e controláveis, ao passo que o pólen de abelha ingerido pela boca transfere quantidades imprevisíveis que são digeridas [17].

As abelhas são expostas a vários contaminantes bacteriológicos e químicos que podem ser incorporados aos produtos para consumo humano [18]. Ainda que tanto o pólen de abelha como a geleia real contenham substâncias com propriedades antibióticas, ambos podem sustentar o crescimento de organismos causadores de doenças e nenhum dos dois tem uso prático como antibiótico [19].

Os contaminantes também podem ser introduzidos durante o processamento [18]. Em 1995, Montana Naturals International, de Arlee, Montana, teve que recolher vários milhares de garrafas de uma mistura de pólen de abelha/geléia real/própolis por causa da contaminação com chumbo.

O própolis, também chamado de "cola da abelha", é uma substância resinosa que as abelhas usam para construir e manter suas colméias. Em testes laboratoriais, o própolis tem exibido uma variedade de interessantes propriedades antimicrobianas e anti tumorais [20]. Entretanto, tem pouco uso prático e pode causar dermatite de contato e outras reações alérgicas [21].

Ações da Justiça Federal Americana
Em 1990, o Federal Trade Commission (FTC) obteve um acordo barrando a American Life Nutrition e a American LifeFarFun, Inc., de fazerem várias alegações não substanciadas para seus produtos com polens de abelha e quatro outros produtos.

Em 1992, uma corte federal ordenou a destruição de uma grande quantidade de Bee Alive, uma combinação de geléia real e ervas em mel confiscado da Bee-Alive Inc., de Valley Cottage, N.Y.
Em 1989, o FDA tinha advertido a companhia que o material promocional distribuído com um produto similar tinha feito declarações ilegais de que o produto era útil no tratamento ou prevenção da síndrome crônica pelo vírus Epstein-Barr, úlceras gastrointestinais, colites, hipotensão arterial, arteriosclerose, colapsos nervosos, infertilidade, impotência, depressão, artrite reumatóide, doença de Alzheimer, anemia, asma, hemorróidas, enxaquecas e outros problemas.

Apesar de uma promessa de parar de distribuir literatura fazendo estas alegações, a companhia continuou a anunciar que a Regina Royal Jelly podia ajudar as crianças a resistir a doenças infantis, "oferecer vitalidade o dia inteiro e tranqüilidade durante a noite," aumentar o vigor físico e mental, e "parece melhorar o sistema imune". A presidenta da companhia Madeline Balletta ainda promove o Bee-Alive como um "super-alimento" cujos usuários (incluindo ela mesma) foram aliviados de fadigas severas [22,23]
Em 1994, o FTC obteve um acordo barrando a Bee-Sweet, Inc., uma empresa com sede na Carolina do Norte, de alegar que seus produtos podiam tratar várias doenças físicas. Seus anúncios tinham alegado que, "Estudos realizados por médicos ao redor do mundo têm demonstrado que o pólen de abelha é eficaz no tratamento de doenças de alergias a artrite, de anorexia ao aumento de peso, de fadiga a arteriosclerose."

Em 1992, a CC Pollen Company e seus proprietários (Bruce R. Brown, Carol M. Brown, and Royden Brown) concordaram em pagar 200 mil dólares para resolver acusações de que eles alegaram falsamente que os produtos com pólen de abelha podiam produzir perda de peso, alívio de alergias permanentemente, reverter o processo de envelhecimento, e curar, prevenir ou aliviar impotência ou disfunção sexual. A companhia e seus proprietários foram também acusados por haverem declarado falsamente que os produtos com pólen de abelha eram um antibiótico eficaz para uso humano e não podiam resultar em uma reação alérgica. Pelo acordo, a companhia e seus proprietários foram proibidos de fazer todas estas alegações e foi exigido que eles tenham evidência científica para apoiar qualquer outra alegação relacionada com a saúde sobre qualquer outro produto para consumo humano.

Algumas das alegações falsas foram feitas em informes comerciais que foram deturpados como noticiários ou programas documentários, embora fossem anúncios pagos. Durante um destes informes, intitulado "TV Insiders", o apresentador Vince Inneo insinuou falsamente que o programa era parte de uma série de investigações independentes. Os produtos oferecidos durante os informes eram Bee-Young, Pollenergy (para "restaurar a energia perdida"), Royal Jelly ("para manter-se ativo sexualmente em qualquer idade"), President's Lunch e First Lady's Lunch Bar. A produtora dos informes TV, Inc., assinou um acordo em separado.

Ainda que a violação de um acordo com o FTC possa trazer grandes penalidades, Royden Brown continuou a promover o pólen de abelha ilegalmente. Em maio de 1994, S&S Public Relations Inc., de Chicago, publicou uma carta declarando: "É a estação das alergias, mas muitos sofredores não estão sofrendo mais. Eles estão usando o Aller-Bee-Gone, tabletes de pólen de abelha aos quais se atribui o alívio dos sintomas de alergia, asma e outras doenças respiratórias." O release que acompanhava adicionou que o objetivo da vida de Brown era "eliminar doenças degenerativas pelo mundo inteiro através do uso do pólen de abelha. Entretanto, algumas semanas mais tarde, o promotor mais pitoresco do pólen de abelha morreu devido a lesões sofridas em uma queda.


Referências
1. Is honeybee pollen the world's only perfect food? (Booklet) Phoenix, AZ: CC Pollen Company, 1984.
2. Steben RE, Boudroux P. The effects of pollen and pollen extracts on selected blood factors and performance of athletes. Journal of Sports Medicine and Physical Fitness 18:271-278, 1978.
3. Larkin T. Bee pollen as a health food. FDA Consumer 18(3):21 22, 1984.
4. Maughan RJ, Evans SP. Effects of pollen extract upon adolescent swimmers. British Journal of Sports Medicine 16:142-145, 1982.
5. Thien FC and others. Asthma and anaphylaxis induced by royal jelly. Clinical and Experimental Allergy 26:216-222, 1996.
6. Shaw D and others. Traditional remedies and food supplements. A 5-year toxicological study (1991-1995). Drug Safety 17:342-356, 1997.
7. Prichard M, Turner KJ. Acute hypersensitivity to ingested processed pollen. Australian and New Zealand Journal of Medicine 15:346-347, 1985.
8. Yonei Y and others. Case report: Haemorrhagic colitis associated with royal jelly intake. Journal of Gastroenterology and Hepatology 12:495-499, 1997.
9. Geyman JP. Anaphylactic reaction after ingestion of bee pollen. Journal of the American Board of Family Practice 7:250-252, 1994.
10. Mansfield LE, Goldstein GB. Anaphylactic reaction after ingestion of local bee pollen. Annals of Allergy 47:154-156, 1981.
11. Lombardi C and others. Allergic reactions to honey and royal jelly and their relationship with sensitization to compositae. Allergologia et Immunopathologia 26:288-290, 1998.
12. Leung R and others. Royal jelly consumption and hypersensitivity in the community. Clinical and Experimental Allergy 27:333-336, 1997.
13. Lin FL and others. Hypereosinophilia, neurologic, and gastrointestinal symptoms after bee pollen ingestion. Journal of Allergy and Clinical Immunology 83:793-796, 1989.
14. Puente S and others. Eosinophilic gastroenteritis caused by bee pollen sensitization. Medicina Clinica 108:698-700, 1997.
15. Mirkin G. Can bee pollen benefit health? JAMA 262:1854, 1989.
16. Helbling A and others. Allergy to honey: Relation to pollen and honey bee allergy. Allergy 47:41-49, 1992.
17. Wandycz K. Allergies: Runny nose? Itchy throat? Bee pollen helps some allergy victims, but for most people it's a waste of money. Forbes, April 25, 1995, p 414.
18. Fleche C and others. Contamination of bee products and risk for human health: Situation in France. Revue Scientifique et Technique 16:609-19, 1997.
19. Sanford MT. Pollen marketing. Fact Sheet ENY-118. Institute of Food and Agricultural Sciences, University of Florida. Feb 1995.
20. Burdock GA. Review of the biological properties and toxicity of bee propolis. Food and Chemical Toxicology 36:347-363, 1998.
21. Hausen BM and others. Propolis allergy (I): Origin, properties, usage and literature review. Contact Dermatitis 17:163-170, 1987.
22. Ben Kinchlow and Madeline Balletta have a secret they want to share with you. They both have major responsibilities and hectic schedules. They both travel extensively. They have a secret . . . a God-given food that has already helped hundreds of thousands of Christians. Advertisement in Human Events, Aug 20, 1999, p 15.
23. Bee-Alive Web site, Accessed Aug 22, 1999.

7 comentários:

  1. Entendi que nos Estados Unidos não se pode atribuir poderes curativos aos produtos apícolas como pólen, geléia real puro ou compostos com mel e ervas sem a devida comprovação ou aprovação cientifica certo? Será nos ultinos 50 anos nao se produziu nenhum estudo a respeito do assunto? Gostaria de ouvir mais opiniões a respeito. Respeito a sua posição pois é a primeira vez que me deparo com um alerta quanto os perigos da ingestão de Pólen e Geleia Real. Consumo ambos e até hoje só me senti melhor e quando não os consumo sinto a diferença. Aliás também consumo Mel e Própolis principalmente quando estou com gripe ou irritação de garganta.

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  2. eu consumo pólen e me sinto muito bem!

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  3. Existem pesquisas na área da apicultura, mas especificamente do pólen que comprovam seus benefícios e eu tenho usado, indicado e visto de perto os benefícios na minha saúde e de muitas pessoas. Quem deve ser contra são as industrias farmacêuticas que venderiam menos remédios químicos se as pessoas usassem mais pólen e Geleia real. Eu vejo muitas pessoas usando muitos antidepressivos e ainda assim não melhora de quadros depressivos. E eu me sinto muito bem só com pólen e geleia real.

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  4. Eu uso, e os efeitos são fantásticos. Me curou da minha pior alergia! Não concordo com a matéria!

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  5. estão tentando proteger a industria farmaceutica e logico né

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