quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O mundo sob o olhar daltônico

As cores não são as mesmas para o daltônico, mas isto não limita sua capacidade produtiva.

Imagine o mundo em que as rosas vermelhas são meio cinza e as folhas na cor bege. Não, isso não é nenhum recurso de computador ou de imagem. Trata-se do mundo sob os olhos de um daltônico, que por uma alteração genética não identifica o verde e o vermelho como as demais pessoas. A diferença para enxergar as cores pode parecer estranha. No entanto, está longe de significar incapacidade. Pelo contrário, os daltônicos têm uma qualidade visual superior às pessoas normais.

A sensibilidade para ver o contraste e o brilho é muito maior. "Precisamos desmistificar o daltônico. Ele não é um deficiente. Se a natureza o priva da cor, o recompensa com outras possibilidades", explica a oftalmologista e diretora da Clínica Dr. Ricardo Guimarães, Márcia Reis Guimarães, que concluiu uma tese de doutorado sobre o assunto. A dificuldade do daltônico estende-se à identificação de cores formadas a partir do verde e do vermelho.

Estima-se que a alteração genética atinja entre 5 e 8%da população mundial. Na Região Metropolitana, o número calculado é de 200 mil pessoas. A oftalmologista explica que a visão não deve ser medida apenas pela acuidade, exame de identificação das letras e números, mas também pela qualidade. Segundo as pesquisas da médica, o exame da acuidade tem resultados iguais para os daltônicos e as pessoas sem a alteração genética.

Entretanto, as respostas de quem não identifica o verde e o vermelho são diferentes nos testes psicofísicos, que avaliam brilho e contraste. A habilidade visual superior é responsável, por exemplo, pela possibilidade de enxergar bem no escuro ou visualizar uma imagem em 3D imediatamente. Para "ler" as cores o daltônico acaba criando uma linguagem paralela, adaptando-se e aprendendo a superar as dificuldades.



O daltonismo pode representar uma vantagem evolutiva sobre as pessoas portadoras de visão normal, tal como foi descrito num artigo publicado pela BBC Online.
Uma pesquisa feita por cientistas da Universidade de Cambridge demonstrou que algumas formas de daltonismo podem, na verdade, proporcionar uma visão mais aprimorada de algumas cores.


Durante a 2ª Guerra Mundial descobriu-se que os soldados daltônicos tinham mais facilidade em detectar camuflagens ocultas na mata.
Os daltônicos possuem uma visão noturna superior à de uma pessoa com visão normal.
Eles também são capazes de identificar mais matizes de violeta do que as pessoas com visão normal.


Para os daltónicos o arco-íris não possui 7 cores.
O pintor Vincent van Gogh sofria de daltonismo.